quarta-feira, 15 de abril de 2020

CONTO E POESIA – ASSIM ESCREVEM OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO PARANÁ – Por José Gil de Almeida.

LIVROS COM HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode conter muito mais do que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar pode ter histórias pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter sido emprestado e ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por ter sido impresso há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog pretende, pois, contar algumas dessas histórias paralelas a determinados exemplares da minha biblioteca.


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Capa de CONTO & POESIA


 
Comendador Francisco Souto Neto

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CONTO & POESIA
ASSIM ESCREVEM OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO PARANÁ

Autoria: José Gil de Almeida
Comentado por: Francisco Souto Neto



 José Gil de Almeida sendo entrevistado por “Depoimentos para a História”.

Conheci José Gil de Almeida entre as décadas de 70 e 80. Eu era Assessor da diretoria – depois da presidência – do Banco do Estado do Paraná - Banestado, em Curitiba, e Gil funcionário da Gerência Regional do mesmo banco em Maringá. Assim, distante da diretoria do Banco, o jovem Gil começou a ser notado por desenvolver grandes trabalhos naquela região norte do Estado. Ele criou um jornal mensal para a sua Gerência Regional, abordando assuntos diversos, mas com forte tendência às questões culturais. Após algumas edições, todos percebíamos que aquela publicação era superior ao jornal oficial da instituição bancária em Curitiba.

Certa ocasião, José Gil lançou naquele jornal um concurso de poesias para estimular culturalmente os funcionários do Banestado. Eu participei com um poema que foi classificado e publicado. Começava ali o nosso intercâmbio e amizade.

Quando Gil deixou o Banestado, residindo já em Curitiba, fundou um jornal intitulado, muito a propósito, Opção Cultural. A partir daí, com a passagem dos anos, ele foi ampliando sua atuação no jornalismo. Criou quatro “jornais de bairro” denominados Jornal Água Verde, Folha do Batel, Jornal Centro Cívico e Jornal da Rua XV. Dois deles foram vendidos, mas José Gil continua dirigindo e editando o primeiro e o último mencionados.

Devo acrescentar que durante a ditadura militar, Gil participou do Movimento Cineclubista de Maringá, com o objetivo de encontrar acesso a importantes filmes que às vezes tinham sido premiados até em festivais internacionais, mas que a censura brasileira proibia de ser exibidos nos circuitos comerciais de cinema, e que podiam ser vistos somente em universidades, em círculos culturais ou em grupos fechados de desobediência civil às leis retrógradas.

Além disso, José Gil de Almeida escreveu e publicou um número muito grande de livros. Convidou-me a prefaciar alguns deles, um dos quais é o objeto deste artigo. Isto ocorreu no tempo em que José Gil era o assessor parlamentar da deputada Amélia Hruschka e havia sido nomeado presidente do Departamento Cultural da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. Ele idealizou um concurso de contos e poesias aberto não apenas aos funcionários públicos, mas também aos das empresas de economia mista municipais, estaduais e federais residentes no Paraná, com premiações de uma forma totalmente original: em vez dos habituais prêmios em espécie, José Gil resolveu oferecer obras de arte aos vencedores. A deputada Hruschka e seu assessor entraram em contato com o presidente do Banestado, que era Carlos Antônio de Almeida Ferreira, um homem muito sensível às causas de cultura, que autorizou ao banco a aquisição de obras de arte para serem entregues aos vencedores do concurso.

Os trabalhos de julgamento e classificação foram feitos por uma composição formada por ícones da cultura paranaense: Vasco José Taborda (presidente da Academia Paranaense de Letras), deputado Nereu Massignan, Fernando Kal (coordenador da Feira do Poeta da Fundação Cultural de Curitiba), fotojornalista Alice Varajão, publicitário João Luiz Goebel, Míriam Regina Pinto (diretora do Departamento Cultural da ASALEP) e pelo próprio Gil de Almeida.

Os prêmios foram entregues em solenidade presidida pelo Gil, no “Plenarinho” da Assembleia Legislativa. Na categoria “contos”, o 1º classificado foi João Henrique do Amaral que escolheu uma tela de Everly Giller. O 2º foi o cinéfilo Lélio Guimarães Sotto Maior Júnior, que escolheu uma tela de Maurinho Gomes. Em 3º lugar classificou-se Regina Therezinha Andrade Benítez (esposa do conhecido crítico de arte Aurélio Benítez) que escolheu uma tela de Rubens Faria Gonçalves (artista revelado e premiado em 1983 pelo I SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos). Na categoria “poesias”, Carla Anete Berwig ficou em 1º lugar, tendo escolhido uma tela de Tadashi Ikoma; em 2º lugar, José Dinalberto de Oliveira, funcionário do Banestado, que optou por uma obra de Antônio Rizzo; em 3º lugar ficou Estela Maria Arruda Munhoz, que ficou com uma tela de Ronald Simon. O trabalho do artista plástico Edilson de Carvalho Viriato (grande prêmio do VI SBAI) e uma escultura de Marcony Mendes, ficaram para o acervo da Assembleia Legislativa.

No ano seguinte, 1990, José Gil de Almeida promoveu o 2º concurso de Conto e Poesia, agora em nível nacional para funcionários públicos, que mais uma vez agitou o cenário cultural. Como consequência do concurso, também editou-se um livro com dez contos e poesias dos funcionários premiados, que receberam obras de Celso Izidoro, Cida Sanches, Everly Giller, Domício Pedroso, Júlio César Vieira, Maria de Lourdes Zanelatto e Rubens Faria Gonçalves. Também aqui Gil convidou-me para prefaciar o livro.

Já transcorreram 30 anos dos eventos acima comentados. E José Gil de Almeida continua forte, com seus jornais sempre muito apreciados, e com saúde bastante para continuar promovendo cultura.



CONCURSO DE 1989

Capa de Conto & Poesia (1989)

Prefácio de Francisco Souto Neto (início)

Prefácio (final).

Resultado final

Contracapa (4ª capa) de José Gil de Almeida



CONCURSO DE 1990

Capa de Conto e Poesia (1990)

Página de abertura

Prefácio de Francisco Souto Neto (início)

Prefácio (final) 

Resultado Oficial para Contos

Resultado Oficial para Poesias

Contracapa (4ª capa) de José Gil de Almeida

Em dezembro de 2019, José Gil de Almeida (à direita) recebido por Rubens Faria Gonçalves e Francisco Souto Neto.

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