segunda-feira, 11 de maio de 2020

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, de Machado de Assis com comentário de Francisco Souto Neto.



LIVROS COM HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode conter muito mais do que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar pode ter histórias pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter sido emprestado e ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por ter sido impresso há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog pretende, pois, contar algumas dessas histórias paralelas a determinados exemplares da minha biblioteca.

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Capa do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

Comendador Francisco Souto Neto


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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, de Machado de Assis

Comentário por Francisco Souto Neto


As duas pessoas que mais me presentearam com livros foram meus amigos Rubens Faria Gonçalves e a saudosa Marléne Sant’Anna Granville Urban. Quando adolescente, costumava ler os livros “da moda”, que eram os autores Jean-Paul Sartre e Hermann Hesse. Mas também Freud, talvez para imitar meu irmão Olímpio quase 10 anos mais velho do que eu. Depois de Freud interessei-me por Jung. Na poesia, eu tinha descoberto Vinícius de Moraes, que estava “na crista da onda”. Contudo eu parecia demonstrar interesse menor pelos autores clássicos brasileiros.

Por incrível que pareça, eu nunca tinha lido Machado de Assis, cujo nome completo era Joaquim Maria Machado de Assis (1839 - 1908). Então, em maio de 1976, ganhei de Rubens Gonçalves Memórias Póstumas de Brás Cubas. Naquela época, funcionário de carreira do Banestado – o Banco do Estado do Paraná – eu era inspetor, cargo este que conquistei através de concurso interno.

Ontem, folheando o meu exemplar, notei, pela dedicatória, que o recebi de Rubens Gonçalves em maio de 1976. Na última página do livro, consta a minha anotação que diz: “No apartamento do Hotel Globo, Cianorte, nesta noite de 11/8/1976, onde aprendia gostar de um clássico de nossa Literatura”. É que eu me encontrava em Cianorte, no interior do Paraná, num trabalho de inspeção na agência do Banestado. Nas minhas viagens a trabalho, eu sempre levava livros para ler à noite, no hotel onde me encontrasse hospedado.

Lembro-me de que este livro de Machado de Assis me impressionou muito pela originalidade: a narração é feita por um homem morto, um defunto, que resolve escrever as suas memórias. Publicado em 1881, o livro aborda as experiências de um filho abastado da elite brasileira do século XIX, Brás Cubas. Começa pela sua morte, descreve a cena do seu próprio enterro, dos delírios antes de morrer, até retornar a sua infância, quando a narrativa segue de forma mais ou menos linear – interrompida apenas por comentários digressivos do narrador. Memórias Póstumas de Brás Cubas é um dos mais celebrados romances da história da literatura brasileira.

Mais tarde passei a me interessar muito mais pelo autor, até descobrir que ele conheceu meu trisavô, o Visconde de Souto, a quem se referiu em dois livros, e várias vezes em artigos publicados em jornal do Rio de Janeiro, capital do império, na década de 1880. A extensa obra de Machado de Assis constitui-se de dez romances, duzentos contos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de seiscentas crônicas. É considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores, um dos maiores senão o maior nome da literatura brasileira.
 

Devo salientar que dei um exemplar deste livro à minha sobrinha Rossana, para induzi-la à leitura de um dos romances mais lidos e elogiados da história de nossa literatura.

Abertura do livro com dedicatória de Rubens Faria Gonçalves.

Introito ao romance.

Minha anotação em 1976, ao término da leitura.

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