sábado, 2 de maio de 2020

LA MEROPE, do marquês SCIPIONE MAFFEI, edição do ano de 1722. Comentário de Francisco Souto Neto.


LIVROS COM HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode conter muito mais do que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar pode ter histórias pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter sido emprestado e ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por ter sido impresso há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog pretende, pois, contar algumas dessas histórias paralelas a determinados exemplares da minha biblioteca.

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Capa encadernada em couro de LA MEROPE, do marquês SCIPIONE MAFFEI, editado em 1722.

Comendador Francisco Souto Neto


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LA MEROPE, do marquês SCIPIONE MAFFEI
Edição do ano de 1722

Comentário por Francisco Souto Neto

Marquês SCIPIONE MAFFEI (1675 – 1755), de pintor desconhecido.


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Antes de me referir ao autor e à sua obra, quero ressaltar que este é um livro que já tem 300 anos. Mais exatamente 298 anos, pois foi impresso em MDCCXXII, porém já podemos considerá-lo tricentenário. Está encadernado em couro. Quando editado, seu autor, o marquês Scipione Maffei, italiano de Verona, estava com 47 anos de idade. Como as edições na Itália nos anos settecento nunca eram muito numerosas, é bem provável que o próprio marquês tenha manuseado este exemplar. O fato é que ao longo de 300 anos a história do exemplar ficou perdida nas brumas do tempo; não imagino que mãos o carregaram através dos séculos, nem em que circunstâncias. Contudo, de concreto, sei que pertenceu à enorme e rica biblioteca do filólogo e linguista Prof. Robert Karel Bowles, a quem conheci na minha juventude e de quem fui amigo, e que faleceu aos 68 anos de idade em 1982, há exatos 40 anos.

Neste livro, logo à primeira página vê-se o retrato do autor, provavelmente uma xilogravura, seguido do título da obra com a data (MDCCXXII) e o nome da stamparia onde o livro foi impresso. Vem então uma parte introdutória ao livro, escrita pelo pastor Arcade Tetalgo, dirigida a Dona Clélia Cavalcanti Sambiasi, Princesa de Campana, agradecendo seu interesse pela tragédia La Merope a sua proteção à cultura, texto este que termina na página 36.

Na página 37 é o próprio autor, o marquês Scipione Maffei, que se dirige a Rinaldo I, duque de Modena, com agradecimentos e elogios, e assim vai até à página 45. Na página 46 inicia-se um texto do marquês sobre a tragédia teatral de sua autoria, La Merope. Finalmente na página 46 o autor apresenta os personagens da tragédia que começa efetivamente na página 47, e assim vai até ao fim.


O autor, à abertura do livro.

O título da obra e o ano da sua edição: 1722.

Introdução de Arcade Tetalgo dirigida a Dona Clélia Cavalcanti Sambiasi, princesa de Campana.

Mensagem do autor para Rinaldo I, duque de Modena.

O início da peça – uma tragédia – antecedida dos nomes dos personagens.

Retrato do marquês Scipione Maffei

Estátua do marquês Scipione Maffei numa praça de Verona, Itália.


Não li a obra, por dois motivos óbvios: eu entendo apenas superficialmente o idioma italiano escrito, e o italiano deste livro é o de 300 anos no passado, algo complicadíssimo para compreender. Livros de Francesco Scipione Maffei podem ser encontrados em edições atuais na Amazon. Entretanto, quanto à edição em apreço, o que mais chama a atenção é a sua longevidade.

Oxalá prossiga em mãos seguras e cuidadosas rumo ao futuro, de modo que possa chegar incólume ao seu 4° centenário no ano de 2122, quando todos nós já teremos, há longa data, voltado ao pó.

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2 comentários:

  1. Muitos dos livros de meu saudoso pai e da minha amada e saudosa mãe já se tornaram poeira no tempo. Nunca pude ter o prazer da leitura das Mil e Uma Noites traduzido por Galland, sem cortes nem censura, o que se deu posteriormente. Tampouco "Concordância dos Quatro Evangelhos" (os quatro em sequência única sem separações e comentado pelos capuchinhos franciscanos)!

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  2. Caro amigo Bevilacqua, o normal é que os livros se percam com a passagem das décadas. Também vários livros da biblioteca do meu pai, e das revistas antigas (O Cruzeiro, Manchete, Mundo Ilustrado, etc.) igualmente não sei onde foram parar. Sorte é mesmo quando esses volumes conseguem atravessar incólumes a passagem do tempo. Grande abraço.

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