LIVROS COM HISTÓRIAS
QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode conter muito mais do
que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar pode ter histórias
pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter sido emprestado e
ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por ter sido impresso
há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog pretende, pois, contar
algumas dessas histórias paralelas a determinados exemplares da minha
biblioteca.
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Capa encadernada em couro de LA MEROPE, do marquês SCIPIONE
MAFFEI, editado em 1722.
Comendador Francisco Souto Neto
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LA MEROPE, do marquês SCIPIONE MAFFEI
Edição do ano de 1722
Comentário por Francisco Souto Neto
Marquês SCIPIONE MAFFEI
(1675 – 1755), de pintor desconhecido.
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Antes de me referir ao autor e à sua obra, quero ressaltar que este é um
livro que já tem 300 anos. Mais exatamente 298 anos, pois foi impresso em
MDCCXXII, porém já podemos considerá-lo tricentenário. Está encadernado em couro.
Quando editado, seu autor, o marquês Scipione Maffei, italiano de Verona,
estava com 47 anos de idade. Como as edições na Itália nos anos settecento nunca eram muito numerosas, é
bem provável que o próprio marquês tenha manuseado este exemplar. O fato é que
ao longo de 300 anos a história do exemplar ficou perdida nas brumas do tempo;
não imagino que mãos o carregaram através dos séculos, nem em que
circunstâncias. Contudo, de concreto, sei que pertenceu à enorme e rica
biblioteca do filólogo e linguista Prof. Robert Karel Bowles, a quem conheci na
minha juventude e de quem fui amigo, e que faleceu aos 68 anos de idade em 1982, há exatos
40 anos.
Neste livro, logo à primeira página vê-se o retrato do autor,
provavelmente uma xilogravura, seguido do título da obra com a data (MDCCXXII) e
o nome da stamparia onde o livro foi
impresso. Vem então uma parte introdutória ao livro, escrita pelo pastor Arcade
Tetalgo, dirigida a Dona Clélia Cavalcanti Sambiasi, Princesa de Campana,
agradecendo seu interesse pela tragédia La Merope a sua proteção à cultura, texto
este que termina na página 36.
Na página 37 é o próprio autor, o marquês Scipione Maffei, que se dirige
a Rinaldo I, duque de Modena, com agradecimentos e elogios, e assim vai até à
página 45. Na página 46 inicia-se um texto do marquês sobre a tragédia teatral de
sua autoria, La Merope. Finalmente na página 46 o autor apresenta os
personagens da tragédia que começa efetivamente na página 47, e assim vai até
ao fim.
O autor, à abertura do livro.
O título da obra e o ano da sua edição: 1722.
Introdução de Arcade Tetalgo dirigida a Dona Clélia Cavalcanti Sambiasi,
princesa de Campana.
Mensagem do autor para Rinaldo I, duque de Modena.
O início da peça – uma tragédia – antecedida dos nomes dos personagens.
Retrato do marquês Scipione Maffei
Estátua do marquês Scipione Maffei numa praça de Verona, Itália.
Não li a obra, por dois motivos óbvios: eu entendo apenas superficialmente
o idioma italiano escrito, e o italiano deste livro é o de 300 anos no passado,
algo complicadíssimo para compreender. Livros de Francesco Scipione Maffei
podem ser encontrados em edições atuais na
Amazon. Entretanto, quanto à edição em apreço, o que mais chama a atenção é
a sua longevidade.
Oxalá prossiga em mãos seguras e cuidadosas rumo ao futuro, de modo que
possa chegar incólume ao seu 4° centenário no ano de 2122, quando todos nós já
teremos, há longa data, voltado ao pó.
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Muitos dos livros de meu saudoso pai e da minha amada e saudosa mãe já se tornaram poeira no tempo. Nunca pude ter o prazer da leitura das Mil e Uma Noites traduzido por Galland, sem cortes nem censura, o que se deu posteriormente. Tampouco "Concordância dos Quatro Evangelhos" (os quatro em sequência única sem separações e comentado pelos capuchinhos franciscanos)!
ResponderExcluirCaro amigo Bevilacqua, o normal é que os livros se percam com a passagem das décadas. Também vários livros da biblioteca do meu pai, e das revistas antigas (O Cruzeiro, Manchete, Mundo Ilustrado, etc.) igualmente não sei onde foram parar. Sorte é mesmo quando esses volumes conseguem atravessar incólumes a passagem do tempo. Grande abraço.
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