LIVROS COM HISTÓRIAS
QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode conter muito mais do
que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar pode ter histórias
pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter sido emprestado e
ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por ter sido impresso
há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog pretende, pois, contar
algumas dessas histórias paralelas a determinados exemplares da minha
biblioteca.
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Capa de A CARTOLA, de Wilhelm Busch (Edições Melhoramentos, circa
1950).
Comendador Francisco Souto Neto
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A CARTOLA (e muitos outros) de
WILHELM BUSCH
Comentário por Francisco Souto Neto
Devo ter quatro ou cinco livros de Wilhelm Busch, dos tempos mais
remotos da minha infância, editados aproximadamente entre 1948 e 1951, porém no
momento em que escrevo estas palavras (dia 12.05.2020) localizei apenas um
deles, A Cartola, cuja capa vai
encimando este artigo. Os demais encontram-se misturados entre milhares de
outros livros que estão ainda desorganizados desde minha mudança de domicílio
há um ano e meio.
Heinrich Christian Wilhelm Busch (1831 – 1908) foi um influente poeta,
pintor e caricaturista alemão, nascido em Wiedensahl, famoso pelas suas
histórias satíricas ilustradas com textos em versos. Iniciou os estudos em
engenharia mecânica. Seguiu depois arte em Düsseldorf, Antuérpia e Munique,
tendo então começado a desenhar caricaturas.
Wilhelm Busch quando jovem.
Seus contos ilustrados com desenhos cômicos feitos pelo próprio Busch
são considerados precursores da história em quadrinhos. Ele criou duas figuras
rebeldes, Max e Moritz (no Brasil foram chamados de Juca e Chico), dois
meninos que, numa pequena aldeia, infernizam a vida de seus principais moradores.
Numa sucessão de travessuras, conhecem um final que seria trágico, não fosse
dedicado ao humor e ao cruel modo germânico de apresentar lições de moral. Bem
a propósito, quase todas as histórias infantis daquela época se desenvolvem em violência e
podem até terminar em tragédia. Nada a estranhar, porque até mesmo os contos de fadas dos
séculos XVIII e XIX envolviam situações cruéis e devastadoras. O primeiro
tradutor de Busch para o português foi o poeta Olavo Bilac. A edição cuja capa
se vê em primeiro lugar neste meu texto, teve o também poeta Guilherme de Almeida como
tradutor.
Wilhelm Busch idoso.
Os desenhos de Busch, entretanto, são divertidos sob todos os aspectos.
Na minha infância eu olhava todos os detalhes de cada desenho ilustrativo das
histórias que eram a um só tempo malvadas e engraçadas.
Juca e Chico.
O Professor Lämpel.
Malvadezas de Juca e Chico.
Malvadezas.
Malvadezas.
Na década de 80 o Sr. José Ghignone, proprietário da livraria que levava
seu nome e que era a mais tradicional da cidade, fez uma liquidação de livros
que durou meses. Sempre que eu passava pela Rua XV de Novembro, entrava naquela
livraria. E numa dessas ocasiões, meus olhos quase saltaram das órbitas: lá
estavam expostos inúmeros livros de Wilhelm Busch. Eram oito volumes das mesmas
Edições Melhoramentos que detinham o direito da obra no Brasil, cada um deles com
várias histórias. Comprei-os como quem compra tesouros da infância.
Para quem não sabe, os artistas plásticos e irmãos Juarez Machado e
Edson Busch Machado são sobrinhos-bisnetos do grande Wilhelm Busch.
Os oito volumes comprados em 1980.
Para encerrar, vou anexar, abaixo, uma das histórias prediletas da minha
infância, “Os dois ladrões”, encontrados no volume O Macaco e o Moleque:
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P.S.
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