segunda-feira, 11 de maio de 2020

A CARTOLA (e muitos outros) de WILHELM BUSCH, com comentários de Francisco Souto Neto.


LIVROS COM HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode conter muito mais do que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar pode ter histórias pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter sido emprestado e ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por ter sido impresso há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog pretende, pois, contar algumas dessas histórias paralelas a determinados exemplares da minha biblioteca.

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Capa de A CARTOLA, de Wilhelm Busch (Edições Melhoramentos, circa 1950).

Comendador Francisco Souto Neto

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A CARTOLA (e muitos outros) de WILHELM BUSCH

Comentário por Francisco Souto Neto

Devo ter quatro ou cinco livros de Wilhelm Busch, dos tempos mais remotos da minha infância, editados aproximadamente entre 1948 e 1951, porém no momento em que escrevo estas palavras (dia 12.05.2020) localizei apenas um deles, A Cartola, cuja capa vai encimando este artigo. Os demais encontram-se misturados entre milhares de outros livros que estão ainda desorganizados desde minha mudança de domicílio há um ano e meio.

Heinrich Christian Wilhelm Busch (1831 – 1908) foi um influente poeta, pintor e caricaturista alemão, nascido em Wiedensahl, famoso pelas suas histórias satíricas ilustradas com textos em versos. Iniciou os estudos em engenharia mecânica. Seguiu depois arte em Düsseldorf, Antuérpia e Munique, tendo então começado a desenhar caricaturas.


Wilhelm Busch quando jovem.

Seus contos ilustrados com desenhos cômicos feitos pelo próprio Busch são considerados precursores da história em quadrinhos. Ele criou duas figuras rebeldes, Max e Moritz (no Brasil foram chamados de Juca e Chico), dois meninos que, numa pequena aldeia, infernizam a vida de seus principais moradores. Numa sucessão de travessuras, conhecem um final que seria trágico, não fosse dedicado ao humor e ao cruel modo germânico de apresentar lições de moral. Bem a propósito, quase todas as histórias infantis daquela época se desenvolvem em violência e podem até terminar em tragédia. Nada a estranhar, porque até mesmo os contos de fadas dos séculos XVIII e XIX envolviam situações cruéis e devastadoras. O primeiro tradutor de Busch para o português foi o poeta Olavo Bilac. A edição cuja capa se vê em primeiro lugar neste meu texto, teve o também poeta Guilherme de Almeida como tradutor.

Wilhelm Busch idoso.

Os desenhos de Busch, entretanto, são divertidos sob todos os aspectos. Na minha infância eu olhava todos os detalhes de cada desenho ilustrativo das histórias que eram a um só tempo malvadas e engraçadas.


Juca e Chico.

O Professor Lämpel.

Malvadezas de Juca e Chico.

Malvadezas.

Malvadezas.

Na década de 80 o Sr. José Ghignone, proprietário da livraria que levava seu nome e que era a mais tradicional da cidade, fez uma liquidação de livros que durou meses. Sempre que eu passava pela Rua XV de Novembro, entrava naquela livraria. E numa dessas ocasiões, meus olhos quase saltaram das órbitas: lá estavam expostos inúmeros livros de Wilhelm Busch. Eram oito volumes das mesmas Edições Melhoramentos que detinham o direito da obra no Brasil, cada um deles com várias histórias. Comprei-os como quem compra tesouros da infância.

Para quem não sabe, os artistas plásticos e irmãos Juarez Machado e Edson Busch Machado são sobrinhos-bisnetos do grande Wilhelm Busch.


Os oito volumes comprados em 1980.

Para encerrar, vou anexar, abaixo, uma das histórias prediletas da minha infância, “Os dois ladrões”, encontrados no volume O Macaco e o Moleque:









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P.S.

Há apenas quatro dias escrevi este artigo sobre Wilhelm Busch. Hoje, 15.5.2020, mexendo na minha biblioteca, encontrei um exemplar de O Fantasma Lambão e outras historietas, que pertenceu a meu irmão Olímpio Souto. O exemplar não está datado, mas seguramente é da década de 40. Uma das "historietas" deste livro é "O Dente Furado", justamente a que mais me divertia, dentre todas, na minha infância. Por este motivo, vou escanear as páginas da história e exibi-las logo abaixo.

A primeira página é da capa do livro, a segunda é em branco (amarelada pelo tempo), na qual, na parte superior, vê-se a assinatura do meu irmão, que já quase desapareceu. E as páginas seguintes são da história que tanto me divertia em meus tenros anos.












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