LIVROS COM HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode
conter muito mais do que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar
pode ter histórias pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter
sido emprestado e ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por
ter sido impresso há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog
pretende, pois, contar algumas dessas histórias paralelas a determinados
exemplares da minha biblioteca.
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Capa de UM POUCO DE MEL E SAL, de RUBENS FARIA GONÇALVES.
Comendador Francisco Souto Neto
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UM
POUCO DE MEL E SAL, de RUBENS
FARIA GONÇALVES
Rubens Faria Gonçalves com
exemplares de Um pouco de mel e sal.
No fim da década de 60, meu amigo Rubens Faria Gonçalves já escrevia
poemas que datilografava e reunia com o formato e dimensões usualmente adotados
por editoras. Até ao início dos anos 70 ele reuniu 17 livros com poemas
inéditos da sua autoria, cujas capas podem ser vistas na foto abaixo.
17 livros inéditos e artesanais com poemas de
Rubens Faria Gonçalves do final dos anos 60 ao início da década de 70.
O primeiro poema de Rubens que conheci foi “Primeiro encontro com o
antófago”, que me impressionou muito. Li outros, e neles o autor filosofava com
maestria. Suas frases poéticas eram soltas, em versos livres, e em tudo que
escrevia esmerava-se pela perfeição quanto ao conteúdo e à forma.
Tão bom era o seu domínio do idioma pátrio que, muitos anos depois,
quando eu e minha prima Lúcia Helena Souto Martini escrevemos a biografia de
nosso trisavô, o visconde de Souto, convidamo-lo para ser o revisor da nossa
obra de 620 páginas.
Nos anos 10 do século XX eu estava na diretoria da Academia de Letras
José de Alencar – ALJA, quando sua presidenta Anita Zippin, conhecendo os
poemas de Rubens Gonçalves, convidou-o a ingressar como membro do referido grupo
literário, o que foi unanimemente aprovado numa reunião formal. Curiosamente, foi
ela, Anita, quem também amadrinhou a minha sobrinha Dione Mara Souto da Rosa, e
não eu, resultando daí que ambos tornaram-se membros da referida Academia pelos
seus próprios méritos, sem minha influência para que eles alcançassem aquele
reconhecimento público.
Rubens Gonçalves tinha já participado de antologias de contos, porém ainda
não tivera editado seus poemas. Sabedor que sou da importância dos seus versos,
animei-o a publicar poemas antigos e recentes. Ele trabalhou durante muitos
meses na escolha e atualização de peças poéticas de seus livros artesanais, e
também na criação de novos versos. Feito isto, procurou a Editora DTX que se
propôs a editar o livro que ele intitulou Um
pouco de mel e sal. A seu convite, redigi o texto de apresentação.
Rubens dividiu o trabalho em três partes, que preferiu chamar de Livro 1
“Dos anos verdes”, Livro 2 “Um pouco de mel e sal” – que é o título que ele deu
a sua obra – e Livro 3 “Despontuação”. São poemas de rara sensibilidade. Num
apêndice, publicou seus aforismos, que são curtos textos filosóficos, com
reflexões muito pessoais de ordem moral ou prática.
Acho interessante lembrar que
Rubens Faria Gonçalves nunca antes pretendeu mostrar os escritos para um
público amplo, tampouco demonstrou vontade ou pretensão de editar sua poesia.
Ele sempre escreveu para si e para um restrito número de amigos; era como se
seus poemas pudessem interessar apenas aos amigos mais chegados. Do mesmo modo
que na poesia, na prosa ele também escreve à vontade, sem seguir aqueles
argumentos de alguns editores que sempre sugerem aos autores para considerarem
as “tendências literárias do momento”, com menos erudição e temas mais
popularescos que agradem sobretudo às pessoas interessadas em textos “leves”, sem
muita profundidade. A recomendação dos editores aos autores, e isto sei por
experiência própria, é para que procuremos agradar aos leitores, com o objetivo
de vender. Rubens, rebelde como sempre, despreza esses
preceitos e escreve do jeito que deseja – e o faz muito bem – já que em termos
de cultura, seu objetivo primeiro não é o lucro.
Esse desprendimento também se fez notar no fato de o autor ter
dispensado um lançamento formal do livro, por ser avesso a bajulações. Ele
simplesmente comunicou aos colegas da Academia de Letras que Um pouco de mel e sal estava à
disposição na editora, e comentou o fato através das redes sociais.
Um fator importante que levou Rubens Faria Gonçalves e pensar, pela primeira
vez, em publicar suas obras, foi quando os escritores Adriano Siqueira e Dione
Mara Souto da Rosa convidaram-no a participar de uma antologia – ou coletânea –
que tinha como tema o sobrenatural. Depois disso, participou de outras
antologias que foram também editadas.
Rubens interessou-se ainda em participar de outras instituições ligadas
às letras, como o Centro de Literatura e Cinema André Carneiro, sob a
presidência de Valter Cardoso, um grupo que se propõe a analisar e discutir
textos literários dos membros participantes. Neste caso, Rubens desejava
conhecer outros escritores e o pensamento de diferentes segmentos.
Eu, como leitor, percebi desde sempre que a intelectualidade dos
escritos de Rubens extrapolavam, em muito, um simples círculo de amigos, porque
os versos por ele criados são plenos de um sentido muito mais amplo, e a sua
força poética atinge, sem dúvida, uma esfera universalizada.
A poesia de Rubens Faria Gonçalves abrange uma variedade de situações e
se estende desde o sério e emocional ao político, e vai do dogmático a alguma pilhéria
tão sutil que pode desconsertar o leitor.
Não comentarei os poemas, porque cada um de seus versos fala por si.
Livro Um pouco de mel e sal.
1ª orelha.
. 2ª orelha (Rubens Faria Gonçalves e seu buldogue
francês Tibério Bouledogue).
4ª capa ou contracapa.
Sumário.
Sumário.
Apresentação de Francisco Souto Neto.
Apresentação de Francisco Souto Neto.
Apresentação de Francisco Souto Neto.
Abaixo, colocarei alguns dos poemas que são meus prediletos, constantes
do livro – apenas um cada capítulo. Incluirei também uma página dos seus
aforismos, esta escolhida aleatoriamente. Se meu leitor desejar conhecer o
livro em sua totalidade, é só contatar a Amazon ou a Editora DTX.
Dos anos verdes:
Um pouco de mel e sal:
Aforismos:
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