LIVROS COM HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NOS
LIVROS – Um livro pode conter muito mais
do que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar pode ter histórias
pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter sido emprestado e
ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por ter sido impresso
há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog pretende, pois, contar
algumas dessas histórias paralelas a determinados exemplares da minha
biblioteca.
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Capa de DE BONA – UM EXERCÍCIO DE
CRIAÇÃO.
Comendador Francisco Souto Neto
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DE BONA: UM EXERCÍCIO DE CRIAÇÃO
Comentário por Francisco Souto Neto
Theodoro de Bona (autorretrato).
Ganhei este livro de René Ariel Dotti
em março de 1990, quando ele era Secretário de Estado da Cultura, durante o
Governo Álvaro Dias. O livro recebeu o apoio do presidente do Banco do Estado
do Paraná, Carlos Antônio de Almeida Ferreira, quando eu, Francisco Souto Neto,
estava no cargo de Assessor para Assuntos de Cultura da presidência do referido
banco.
Aquele foi um período de ouro para a
cultura do Paraná, algo que nunca mais voltou a ocorrer com tanta intensidade e
com tantas pessoas gabaritadas nesse métier.
Theodoro de Bona (1904 – 1990), nascido
em Morretes, foi um dos principais artistas plásticos da História do Paraná. Em
Curitiba, com a idade de apenas 8 anos, iniciou estudos de desenho no Colégio
Bom Jesus. De 1912 a 1927 teve aulas de pintura com Alfredo Andersen, ocasião
em que teve muita familiaridade com dois outros pintores que se tornaram tão
importantes quando o próprio De Bona: Traple e Freyesleben. Em 1927 ele ganhou
uma bolsa de estudos para a Real Academia de Belas Artes de Veneza, onde viveu
de 1927 a 1936.
Na década de 80 eu entrevistei o
professor David Carneiro, que fora o terceiro presidente do Banco do Estado do
Paraná, que a certa altura contou-me que na Itália De Bona enfrentou sérios
problemas financeiros. O dinheiro da bolsa de estudos tornou-se instável e
frequentemente não chegava às suas mãos, por isso o estudante De Bona escreveu
ao professor David Carneiro pedindo ajuda, e este então, às suas próprias
expensas, passou a sustentar De Bona em Veneza. Felizmente David Carneiro foi
altruísta e assim De Bona completou seus estudos, retornando a Curitiba em
1936.
A partir de 1960 De Bona deu aulas de
desenho e pintura na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, onde foi também
diretor.
O livro foi editado pela Scientia et
Labor, Editora da UFPR, em papel couché,
nas dimensões de 29 x 29 centímetros, contou com total apoio do Banestado.
Durante os anos em que fui assessor da
diretoria e depois da presidência do Banestado, desde o Governo Jayme Canet
Júnior (década de 70) até à minha aposentadoria (1991) no começo do Governo Roberto
Requião, posso afirmar que nunca houve um Secretário de Estado da Cultura tão
atuante e acessível quanto René Ariel Dotti. Governadores estiveram presentes
às inaugurações de eventos culturais importantes, como o Salão Banestado de
Artistas Inéditos, e um deles compareceu à inauguração do Museu Banestado, mas
René Dotti foi o único Secretário de Estado da Cultura a comparecer
frequentemente à Galeria de Arte Banestado, que era parte do Programa de
Cultura do Banestado, por mim idealizado e implantado.
O Secretário de Estado da Cultura, René Ariel Dotti, cumprimentando Francisco Souto Neto na inauguração de um Salão Banestado de Artistas Inéditos em 1989.
Francisco Souto Neto,
conselheiro do Sistema Paranaense de Museus, em reunião com René Ariel Dotti,
na Secretaria de Estado da Cultura.
Por várias vezes René Dotti
presenteou-me com livros, e um deles foi justamente este, com sua dedicatória,
sobre a vida e obra de De Bona.
Capa de De Bona: um exercício de criação. A minha mão serve para comparar com as grandes dimensões do livro.
Na página de abertura, a dedicatória de René Ariel Dotti.
Detalhe da dedicatória.
Homenagem aos dirigentes.
Equipe de realização.
Banestado, apoiador da
obra.
Abaixo, algumas das obras constantes das páginas do
livro.
Livro aberto nas
páginas 38 e 39: Retrato de Moça (Veneza 1932) e Paraíso Perdido (Veneza 1930).
Página 41: Mesa de Deus (Veneza 1930).
Página 45: Nu Acadêmico (Veneza 1929).
Página 52: Corrida do Centauro (Curitiba 1942).
Página 54: Autorretrato (Rio de Janeiro 1945).
Página 56: Paisagem de Morretes (Morretes 1949).
Página 39: Paraíso Perdido (Veneza 1930).
Páginas 58 e 59: Nu (Curitiba 1979) e Nenúfares (Curitiba 1980).
Páginas 46 e 47: Autorretrato (Veneza 1929) e Terra Prometida/Imigrantes (Veneza 1930).
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