terça-feira, 9 de junho de 2020

SEMEADURA E COLHEITA – Memória Histórica da Imperial Sociedade Amante da Instrução, de Genaro Rangel.


LIVROS COM HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode conter muito mais do que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar pode ter histórias pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter sido emprestado e ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por ter sido impresso há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog pretende, pois, contar algumas dessas histórias paralelas a determinados exemplares da minha biblioteca.

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Semeadura e Colheita – Memória Histórica da Imperial Sociedade Amante da Instrução, de Gemaro Rangel

 Comendador Francisco Souto Neto

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SEMEADURA E COLHEITA – Memória Histórica da Imperial Sociedade Amante da Instrução, de Genaro Rangel

Comentário por Francisco Souto Neto


Ao escrever Semeadura e Colheita, Genaro Rangel inspirou-se no livro publicado em 1895, Notas de um Repórter, de Ernesto Senna, e conta a história da Imperial Sociedade Amante da Instrução, que mantinha um asilo para crianças órfãs. Baseou-se também numa publicação na revista do Instituto Geográfico e Histórico Brasileiro de 1892, que registra: "Era preciso um braço potente para suster a queda da Amante da Instrução; mas quem viria em seu auxílio? / Quem lhe traria o socorro? / Ao grito implorador de piedade respondeu o coração generoso do então abastado e conhecido banqueiro o visconde de Souto, que já por vezes lhe mandara o seu óbulo e que agora oferecia gratuitamente para asilo das órfãs o seu palacete da Rua da Imperatriz, por sua conta reformado e preparado para tal fim. Não satisfeito com esse valioso socorro, responsabilizou-se ainda por todas as despesas durante um ano. E quando atroz enfermidade acometeu essas meninas, abriu-lhes as portas da sua chácara na ponta do Caju. / A fatalidade não deixou perdurar tão salutares benefícios e em 1864 a desastrada quebra do importante banqueiro estancou à Sociedade Amante da Instrução esse manancial em que bebia vida e vigor. (REVISTA..., 1892, p. 124).

A revista do IGHB ao descrever em 1892 o episódio acima (28 anos após a Quebra do Souto) já errava ao informar o endereço do Visconde: "(...) seu palacete da Rua da Imperatriz". Outros autores ampliaram o erro ao citar o endereço como "Rua NOVA da Imperatriz". Nem uma, nem outra. O palacete localizava-se na Travessa (depois Rua) do Campo Alegre, e a entrada para o zoo é que se fazia pela Rua Nova do Imperador (não da Imperatriz).

Vários outros livros referem-se aos atos de humanismo do Visconde e da Viscondessa de Souto, mas também de apoio à arte e à cultura. Faziam isso sem nada pedir em troca, e porque Visconde de Souto era um dos homens mais ricos do Brasil.

A falência de sua casa bancária, conhecida popularmente como “Casa Souto”, interrompeu isso tudo. Essa falência abalou o império brasileiro, pois foi seguida pela quebra de três outros bancos e de mais de cem empresas, algumas das quais em Portugal. No entanto, o velho Visconde foi inocentado dos motivos que provocaram “o terrível cataclismo”, como foi também chamada a sua falência, isto é, o episódio marcado na História do Brasil como “a Quebra do Souto”.

O livro Semeadura e Colheita, de Genaro Rangel.

Abaixo, as páginas de 227 a 229 escaneadas.


A partir da seta em vermelho, está a história do humanismo do Visconde de Souto neste episódio.

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