LIVROS COM HISTÓRIAS
QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode conter muito mais do
que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar pode ter histórias
pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter sido emprestado e
ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por ter sido impresso
há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog pretende, pois, contar
algumas dessas histórias paralelas a determinados exemplares da minha
biblioteca.
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Poètes
Français – CONTES de Jean de La Fontaine (1789)
Comendador Francisco Souto Neto
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Poètes Français – CONTES de Jean de La Fontaine
Comentário por Francisco Souto Neto
Jean de La Fontaine (1621 – 1695)
O livro acima é do século
XVIII. É uma edição francesa de 1798. Não me lembro da sua origem em minha casa. O fato é que
se trata de um exemplar com 222 anos, muito bem conservado. Se não me engano, é
proveniente da biblioteca do Prof. Robert Karel Bowles.
Aos 13 anos ganhei de meu
padrinho, Moacyr Souto, dois tomos de grandes dimensões, das Fábulas de La Fontaine, totalmente
ilustrados por Gustave Doré, o mesmo que ilustrou A Divina Comédia de Dante. Desde então passei a me interessar pelo
famoso poeta e fabulista.
Na prateleira mais alta da minha biblioteca, a quase três metros de
altura, estão os dois tomos de Fábulas de La Fontaine e A Divina Comédia, de
Dante Alighieri.
É meio difícil alcançar as prateleiras mais altas.
Na última vez que estive em
Paris, fiz uma visita de uma tarde inteira ao Cemitério Père Lachaise, onde La
Fontaine está inumado. Visitei seu túmulo, que fica ao lado do de outro
importante escritor, o dramaturgo Molière.
Francisco Souto Neto visitando os túmulos de La Fontaine e Molière.
O epitáfio de La Fontaine,
divertido, foi escrito por ele mesmo e está inscrito no seu túmulo:
“Jean
s'en alla comme il e était venu, Mangea le fonds avec revenu, Tint les trésors
chose peu nécessaires. Quant à son temps, bien sut le dispenser; Deux parts en
fit, dont il soulait passer / L'une à dormir, et l'autre à ne rien faire”.
Abaixo, fiz uma tradução livre
do epitáfio:
“Jean partiu como ele tinha chegado ao mundo. Comeu o que
suas economias lhe permitiram com sua renda. Levou consigo apenas os pequenos
tesouros pouco necessários. Quanto ao seu tempo, ele soube como usá-lo de duas
maneiras, tal como ele queria: uma para dormir e a outra para não fazer nada”.
Este antigo livro de contos
de La Fontaine, é escrito num francês arcaico, o que torna a leitura muito mais
difícil. Mesmo que fosse no idioma francês contemporâneo, eu não conseguiria
lê-lo, porque não falo fluentemente o idioma. Mas só o fato de ter sido
impresso no século XVIII é o bastante para estar entre os relacionados para
esse blog.
Capa encadernada há mais de 200 anos.
Abertura do livro
Ao final do livro, o epitáfio escrito pelo próprio La Fontaine.
Última página da obra.
Se o leitor sentir
curiosidade, abaixo está o link da
visita que fiz ao Cemitério Père Lachaise em 2001, quando conheci, dentre
outros, o túmulo de La Fontaine:
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Esopo e La Fontaine se irmanam ao concluir seus contos e fábulas com a famosa "moral da história": lições iniciais de ética, moral, prudência e conduta.
ResponderExcluirMuito bem lembrado, caro Bevilacqua. Obrigado.
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