LIVROS COM HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NOS LIVROS – Um livro pode
conter muito mais do que aquilo que vem escrito no seu conteúdo. O exemplar
pode ter histórias pessoais do seu dono, ou conter dedicatórias raras, ou ter
sido emprestado e ter ali registradas impressões manuscritas dos leitores, por
ter sido impresso há cem ou duzentos anos... e assim por diante. Este blog
pretende, pois, contar algumas dessas histórias paralelas a determinados
exemplares da minha biblioteca.
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O LOBO DA ESTEPE, de Hermann Hesse
Capa encadernada de
O LOBO DA ESTEPE
Comendador Francisco Souto Neto
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O
LOBO DA ESTEPE, Hemann Hesse
Hermann Hesse
Comentei recentemente um dos livros de Hermann Hesse, Contos, com uma história pessoal bem
curiosa, como pode ser conferido neste
link:
Agora volto a referir-me ao mesmo escritor, que em 1946 recebeu o prêmio
Nobel de Literatura "por seus escritos inspirados que, enquanto crescem em
audácia e penetração, exemplificam os ideais humanitários clássicos e as altas
qualidades de estilo".
O primeiro livro de Hesse que li foi O
Lobo da Estepe que nesta edição tem um acréscimo ao título: “Só para Loucos”. No ano de 1970
(exatamente meio século atrás) um amigo carioca, Cláudio César Costa,
referiu-se a essa obra. Eu sabia que já tinha visto em algum lugar tal livro e,
numa rápida busca, encontrei-o na biblioteca de meu pai. O curioso é que essa
edição de O Lobo da Estepe pertenceu
a Daily Luiz Wambier, jornalista que antecedeu meu pai no cargo de diretor de redação
do Jornal do Paraná, de Ponta Grossa.
Meu pai Arary Souto foi muito amigo de Daily, que frequentava minha casa, e foi
quem o presenteou com este exemplar.
É interessante acrescentar que Daily anotou o dia em que comprou o
livro: 29 de março de 1943, quase cinco meses antes do meu nascimento. O ano da
edição da obra não dá para entender muito bem devido a uma mancha, mas parece
ser de 1940. Portanto, é um livro com 80 anos. Mais um detalhe: segundo o
carimbo na primeira página, o livro foi comprado em “Revistas – Figurinos –
Jornaes – D. LUZARDI. Rua Coronel Cláudio, 33. Caixa postal 88. Ponta Grossa –
Paraná”.
Como considerei-o precioso já em 1970, mandei encaderná-lo para que
ficasse mais bem conservado, e orientei que se mantivesse a sua capa original, que
tem um desenho sem identificação da autoria, com um quê de art-déco.
Naquela época, 1970, eu costumava emprestar meus livros a quem se
interessasse em conhecê-los. Muitas vezes não me devolviam, por isso eu depois
tomei a decisão de nunca mais emprestar meus livros nem para os melhores
amigos. Mas no caso de O Lobo da Estepe,
emprestei-o a Chico Lopes (Franz), como depois emprestei-lhe também Contos do mesmo autor. E Franz nunca
falhou: sempre me devolveu os livros geralmente enriquecidos com desenhos de sua
autoria. Ele era e é um ótimo artista plástico, mas notabilizou-se ainda mais
como escritor. Tanto é verdade que há poucos anos recebeu um prêmio Jaboti.
O livro encadernado.
A encadernação de O Lobo da Estepe com meu nome na capa.
Aspecto do livro com a capa original, agora protegido pela encadernação.
Versos do poeta C.C.Costa.
Abrindo a capa encadernada.
A assinatura do primeiro proprietário do livro e a data da compra em 1943.
Nesta edição há o “Tratado do Lobo da Estepe – Só para raros”, como se fosse um livro encaixado dentro do livro principal, com capa dura e com contracapa. Aqui, a capa do “Tratado”.
Nesta edição há o “Tratado do Lobo da Estepe – Só para raros”, como se fosse um livro encaixado dentro do livro principal, com capa dura e com contracapa. Aqui, a capa do “Tratado”.
Quando terminei a leitura em 28.1.1971, fiz duas anotações nas duas últimas folhas. No ano seguinte, 1972, Franz encerrou a leitura e fez dois desenhos nas duas páginas finais.
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Uma obra introspectiva!
ResponderExcluirCaro amigo Bevilacqua, sim, e lembro-me também de tê-lo achado um livro introspectivo. Tenho até certa curiosidade para relê-lo, já que minha leitura ocorreu há praticamente meio século, e já não me recordo com muita clareza do seu conteúdo.
ExcluirObrigado por escrever. Um abração!
Caro amigo Bevilacqua, sim, e lembro-me também de tê-lo achado um livro introspectivo. Tenho até certa curiosidade para relê-lo, já que minha leitura ocorreu há praticamente meio século, e já não me recordo com muita clareza do seu conteúdo.
ResponderExcluirObrigado por escrever. Um abração!